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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto e biografia: https://sig.cefetmg.br/

 

 

 

ROGÉRIO BARBOSA

 

 

Rogério Barbosa da Silva, graduado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (1991), mestrado em Estudos Literários - Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Minas Gerais (1997) e doutorado em Estudos Literários - Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais (2005). É professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais/Departamento de Linguagem e Tecnologia, e atua no Mestrado em Estudos de Linguagens e no Curso de Letras. Participa dos seguintes grupos de pesquisa: TECNOPOÉTICAS: Grupo de Pesquisa em Poéticas Telemáticas, Cibernéticas e Impressas, Discurso, Cultura e Poesia e no grupo de estudos sobre literatura portuguesa contemporânea na UFMG. Interesse em pesquisas sobre interfaces entre literatura, tecnologia e hipermídia, poesia brasileira e portuguesas contemporâneas, visualidade e experimentalismos poéticos. Co-editou a revista ATO (de Belo Horizonte) e o Jornal Literário DEZFACES.

Formação acadêmica/profissional (Onde obteve os títulos, atuação profissional, etc.)

Professor do Departamento de Linguagem e Tecnologia - Curso de Letras e PPG em Estudos de Linguagens

Pós-Doutoramento em Literatura - UFSC, 2013

Doutorado em Estudos Literários - Literatura Comparada, UFMG, 2005

Mestrado em Estudos Literários - Literatura Brasileira, UFMG, 1997

Áreas de Interesse (áreas de interesse de ensino e pesquisa)

Poesia Brasileira e Portuguesa Contemporâneas; Poéticas digitais; Poéticas experimentais, visuais, concretas; Intermidialidades; Estudos de edição.

 

 

 

MELLO, Regina.  Entre o Samba e o TangoOrganização: Regina Mello e Olga Valeska.     Belo Horizonte, MG: Munap e Arquimedes, 2018.   160 p.   15 x 21 cm.  Diagramação e arte final: Eugênio Daniel Venâncio. Fotos: Israrel Ferreira. Produção Museu Nacional de Poesia.    ISBN  978-85-89667-57-9  
Ex. bibl. Antonio Miranda, enviado por Regina Mello. 

 

 

Meu samba azul

no azul azul o sosl espalha o som
no corpo a água lava a sede
insensato movimento. Tô maluco
tô doente do peito.  Tic-toc.

meu primeiro amor foi um rock
o samba a luz de  todo dia
arrasto o pé tragfo o teu salto
no quadril meneios abraçam

 

           ao som da roda viva
no ritmo quente do corpo.


meu amor foi ali, mas voltou logo
trouxe uma flor no seu vestido azul
trouxe o céu rasante na poeira do lugar
veio fluído, dançando ao vento sul.

canto para você esse samba azul
se solo assobio no coração
samba-enredo só na escola
cadência do corpo amora.



Baila o pensamento

os passos na retina
a fuga continua linha
nos espaços
o pensamento dobra
ante o corpo da bailadora
móvel esférico
assintático
porque a palavra não sai
quando a fala sussurra

olho o corpo ao vento
pena que escorrega no toque
natural no passear
leva salto
ritmo sincopado

sopro um compasso outro
o coração evapora, baila
sob o ouvido musical
123 567 123 567
o mundo agora acontece no gesto.


 

Zunái - Revista de Poesia e Debates

Volume 4 Número 1 - Agosto 2018

 

 

UM VÍRUS URBANO

        Para a Laís Ferreira Oliveira

 

Nesta casa vazia não mora ninguém.

Um pixel esvaziou-se no cluster.

 

A aposta se perdeu na senha adulterada.

O insensível vírus quer cerrar o labirinto.

 

Refaz-se o caminho na trama codificada.

Onde se descortina a vida sob a retina?

 

Subo Bahia e viro a esquina. Não é sempre

mas hoje o inesperado supera a rotina.

 

Oxumaré um arco-íris serpenteia. No corpo

a sede cessa, mas o sangue flui em lavas.

 

O que me espera? Rubra e luminosa luz

o leito macio o fogo em brasa o ás de copas.

 

 

 

SEVILHA

 

A pele dourada brilha em sol brando

o espetáculo do olhar não revela

o amargo frenesi da carne carmim

A vista doce, olor de alegria

 

No passeio longo del Cólon

Vejo Carmem a eterna musa livre

Sua voz ressoa lírica nos ouvidos

Acorda o coração tambor

 

A paisagem fria, mulheres posam

sob naranjos. Se um quadro fosse

amaria em Sevilha ou em Veneza

amo aqui o amor fatal de los toreros.

 

Ali, na tarde de ventos gelados,

descubro que no calor das cores

ressoam paixões encobertas

frenesins em alegro moderato.

 

 

ELA

 

I

a clepsidra no clarão alto do dia

embora nublado vê-se o riso claro

óculos escuros confrangem a ave negra

no telhado vizinho da serrano.

é dia e o turbilhão passa

enquanto passeio com borges.

 

II

uma mulher romana não conta a si

mesma, dizia Yourcenar,

Marguerite, contrariada.

Certamente.  Não a minha,

firme, segura, não desapruma

o discurso no doce sorriso.

 

III

O corpo nu flui na água livre

Olho medusado, não desço

para não perder o encanto.

Afinal, por que existe o canto

da sereia?

 

A música entra nos ouvidos

a cerveja esquenta enquanto

ela vem com amores e beijos quentes.

 

IV

Na serra, subimos ao alto

ouvindo o doce canto da bica.

Inspiro expiro transpiro.

Segura ela vai à fonte.

 

V

Em Recife viajamos no tempo,

olho as fachadas das habitações

em busca de Manuel Bandeira.

Atravessamos o capibaribe,

passamos pela rua da união,

adentramos o velho centro.

Eu olho, ela vê uma antiga

civilização, um centro comercial.

Desconfio que ela reconhece Nassau,

e conversa com outros  manueis.

Eu, penso na forra quando chegar

ao Leite centenário, desce um

bacalhau.

 

VI

No Rio não há tristeza. Se há,

ela olha o pão de açúcar, a pedra

da gávea. Notícia ruim sucumbe

a um passeio na urca, ou fluir

nas delícias de botafogo. Tudo

convida a parar o tempo. Quem

sabe?

 

 

 

AMORES LACRADOS II

 

Na cidadela húngara

a colina

     verga-se

           sobre o abismo.

O amor se protege no metal

             No último lance

antes do precipício

              lacra-se o cadeado.

Abbey Road

(homenagem ao poeta Camilo Lara)

 

Talvez houvesse um caminho

para atravessar de volta o tempo

mais uma vez

E eu cantaria uma canção

de ninar

 

Houve outra vez um rapaz

que amava as palavras

sua arte

Como pequenos seixos

no lago

 

Ele amou o amor como poesia

A liberdade, a música das esferas.

A lírica

é uma canção dos Beatles.

 

Então

A Abbey Road é um presente

um contínuo do ser

A rua caminha na lua.

E eu caminho em sua sombra.

 

Não durma. Não

Se alarme.

Não chore.

 

Pensar é estar doente

do coração.

Ele quis

um grão de areia

preso a uma estrela.

 

Deve haver uma maneira

de ter de volta o tempo

além do tempo.

E eu cantarei

uma canção de Ninar.

 

(dez. 2016)  

 

NÓS DA POESIA. – volume 8 Brenda Marques Pena, org.  São Paulo, SP: All Print Editora, 2022.  119 p.  ISBN  978-65-5822-152-4
Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

MEMÓRIAS

Uma, duas
três argolinhas.

Sob idêntico céu
olhar de bicho antropófago
meninas de pernas-doce
batem saltos em Liberdade.



ESCAVAR O TEMPO

o tempo escava
a paisagem veloz
por trás a vida
da luxuriante vária
cidade

Nela encravado
o Liberdade em suas cores
comércio de miudezas
sabores odores dores
coarte de têmpera
forte
esquecem os horrores
de hoje e ontem
no campo da forca
sombras enovelam-se
desfilam sob a luz artifício
fantasmas de amarelo-matiz
a indagarem a noite e a lua

na manhã do novo dia
o velho riacho cala-se
ou assim parece
grita o cartaz eloquente
contra a fome e a miséria
ainda soa fresco
educação de qualidade
para todos

e o poste em sua luz
porta-bandeira da utopia
um raio em placa metálica
de qualquer esquina

do outro lado
o riacho corte de adaga
perpassa o jardim
em frente

sua língua átona diz
o tempo é devir
e viver a liberdade
entre os não livres,
já se disse,
não será liberdade

 

 

PIXOS NUM MURO

pichar o antídoto
contra a indústria
e sua doce coca
para calar a diferença
e fora todo o edifício
seu disfarce e poder
a ofertar o alucinógeno
que apascenta o gado
que produz a necropolítica
a destruição vital

contra todo o canto
singulariza e eleva
a palavra-granada
dinamite signo
bradava Drummond
o contracanto
derruição da ilha
não a de robson

o que sabota o espírito
e caminha sobre os mortos
e que faz negócio da felicidade
e que tem a lavra alheia
a fácil riqueza
o negócio da mais valia
o revés do mundo
é o poema

a língua errática
dura e livre do poema
a rebater os sentidos
a esmurrar as certezas
a furar o núcleo
oco da mente
onde a intolerância
alimenta o falto
e o faz reverberar
confusas notícias

o poema assim como
uma bala no coração
vivo mecanismo a fazer
ondas que deixam ver
encoberta pelo vale
de lágrimas em rumo
certeiro e astronave
contra o muro de pedra


Nota: Estes poemas constituem uma versão modifica e desenvolvida do poema feito para Liberdade, ambiente poético 3D imersivo, dirigido por Alkmar dos Santos e Chico Marinho em 2013.
Cf Liberdade versão 5 para Windows:
http.//www.ciclope.com.br/download/liberdade5.zip (147 mb)

 


PELADA POÉTICA: antologia.  Organizadores: Júlio Abreu e Mário Alex Rosa.   Belo Horizonte, MG: Scriptum, 2013.  118 p.  
ISBN 978-85-89-044-69-1                        Ex. bibl. Antonio Miranda



GOL DE LETRA

1.
Do gol contra ao gol
armado
no meio
contra a meta
defesa do arqueiro
intercepta
a certeira
flecha
resvala

o prêmio ao atacante
matreiro
escreve  
1 X 1

2.
Na olímpica festa
Deus conferência
não joga              dados
enquanto
os anjos riscam no azul
outra página
um anjo torto elabora seu cálculo    
de atléticas formiguinhas que avançam
e recuam e negaceiam e buscam
as pernas tortas de outro anjo
entregue a uma maravilhosa dança
estranha
malemolência
concreta
ritmo líquido
morno
inquieto
se infiltrando
na arena adversária
segue a música invisível
agreste
no compasso
na malícia
do poeta jogador no lance
de dados              a bola
semiviva
astúcia dos pés

e é
G O O O             L
DE
O
LETRA
2 X 1

 

BOCA NA PALAVRA vias do canto.  Organizadores: Mário Alex Rosa e Wagner Moreira. Belo Horizonte, MG: Impressões de Minas, 2019.   95 p.  ISBN 978-S85-63912-66-3      96 p.
Ex. bibl. Antonio Miranda  

 

A TRUTA

Na luz de ouro
outra luz submersa
passeiam relâmpagos

A sinfonia tece-se em lá
maior. A vara espera
o braço longo projeta-se.

No limiar do azul
a noite ainda
não sobreveio.

Nuvens nágua fria.
O céu baixa seus olhos.
Espera entre espelhos.

O que se passa
no pérfido
ribeiro?

 

 

O PESCADOR

O sonho de outra noite
prolonga o dia interminável.
O horizonte dissolve-se no olhar.

Um resto de sol bate morno na água
fria onde feliz viaja o cardume.
A truta desliza mansa e voraz.

O braço tenso e imóvel estende
a vara, e linha dança a música
suave das águas. O vento parou.

Na bucólica paisagem uma sonata
tocaria o pensamento, não houvesse
suspense. A truta vai morder a isca.

O olhar se perde no deslumbre das águas.
Coloridas formas alongadas no espelho
cristalino. Narciso Ribeiro encantou-se.



O RIACHO

Fluem águas horas dias meses anos
Os séculos acumulam histórias. O tempo
são feixes contínuos, mônada impenetrável.

Minhas águas como o rio de heráclito vivem
misérias e gozos, oh intempéries
tudo se repete num diferente existir

O que se vê de fora a face cristalina
camuflagem do motor sutil da dura
ação, escaloutra de tempos e espaços

agora mesmo a luz penetra-me levemente
a pele, aquece-me na morna loquacidade
estiro-me num crepúsculo de monet

a noite lúgubre se aproxima lenta letal
os atores extasiam-se na performance
a truta o barquinho lúdico o ser inexorável

da sombra fria o risco serpenteia arisco
a truta engoliu o anzol o jantar a escapar
a boca feroz golpeia o que jaz na vertical

as últimas bolhas se apagam como estrelas
meu fluido corpo se aquieta desde o fundo
o jacaré disfarça-se no se sono de pau

o barquinho quedou-se numa margem
à espera pois haverá buscas ansiosas e
o destino se tece conforme a boca grande.

 

 

O ASTRO BACO

Estendo meu arco de pura melancolia.
O que em baixo habita orbita meu humor.
Nem toda tristeza é triste, nem toda
luz esplende o amor que cativas.

Há mais comédia que drama
sob a luz, a sua bala de prata.

 

 

5 . OS PEQUENOS AMORES

para Cláudia Chaves

Amam de modo igual na madura estação
Como os gatos poderosos e suaves de Baudelaire.
Os cães fiéis, forte afáveis, os orgulhos da casa.
Quase nunca frios, talvez um pouco desobedientes.

Amigos da volúpia e da alegria imponderável,
sem que a ciência lhes impeça a aventura,
com o pesar dos pequenos seres que habitam 
[o quintal.
Com alguma crueldade requentam o dia morno.

Mas sonham quando dormem com as nobres atitudes.
Desdenham a pose, a esfinge, se não for para um bote,
nem consideram a solitude num jardim estrelado.
Nas pupilas um halo de mansidão pode esconder o perigo.


7. CABEÇA À BESSA

desfocar o rosto na face do dia
encontrar na pupila alerta o passo

a mansidão a gazela alegre o boi
monocórdico o lince inamistoso

o rosto na quadratura do círculo
o revés do homem o ser ignoto

a cabeça do esplêndido animal
a orelha longa perscruta longe

responde a musculatura contrita:
à tardinha os lobos bebem água.

 

12  DIGA-LHE, AFETUOSO

se o amor persistira na fimbria do dia
se o pierrô amará no próximo carnaval
se os desanimados haverão de calar
se o grito alcançará o coração desiludido
se a morte é a senha para o extraordinário
se o tempo é que me rouba a claridade
se a máquina que roda é minha loteria
se o pós-futuro é o domingo pretérito
se o canto inaudível é um grito sozinho
se a pedra surda repercute o outro
se neste circo serei sempre o palhaço?

*

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Página publicada em maio de 2023

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Página ampliada e republicada em maio de 2023

 

 

 

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Página publicada em fevereiro de 2021


 

 

 
 
 
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